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Nutrientes necessários para os peixes

Os peixes requerem, em suas dietas, nutrientes tais como: proteínas, carboidratos, gorduras (lipídios), hidratos de carbono, fibras, vitaminas e minerais.

As rações levam, na sua composição, ingredientes de origem animal – como farinha de carne e ossos, farinha de peixe, farinha de penas e vísceras, entre outros, e de origem vegetal – como farelo de soja, milho, farelo de arroz, farelo de trigo, entre outros. As rações também são suplementadas com vitaminas e minerais, essenciais para a saúde e o bom crescimento dos peixes.

 

Em relação às fontes de proteína, temos ingredientes como farinha de carne, farinha de peixe e farelo de soja, que possuem alta proporção e equilíbrio de aminoácidos essenciais, sendo, portanto, considerados de alta qualidade proteica. Alguns outros, como a farinha de penas ou farinha de sangue, apesar de terem alto teor de proteína, têm a composição proteica pouco equilibrada, havendo, portanto, restrições para uso em grande quantidade nas rações.

 

Já em relação às fontes de carboidratos, as principais são de origem vegetal, como o milho, farelo de trigo, farelo de arroz, entre outros.

As fibras que vêm de cascas e outros ingredientes também são carboidratos, mas muito difíceis de serem digeridas pelos peixes, não sendo praticamente aproveitadas.

 

Os minerais (cálcio, fósforo, magnésio, ferro, enxofre, cobre, zinco, cobalto, sódio, manganês, iodo, selênio, entre outros) são componentes presentes em quantidades relativamente pequenas na ração, essenciais para diferentes etapas do metabolismo dos peixes e também para a formação do seu esqueleto. Os minerais podem ser fornecidos pelos ingredientes ou serem adicionadas como suplementos à ração, em geral, na forma de produtos conhecidos como premix ou núcleo.

 

As vitaminas (A, D, E, C, B1, B2, B6, B12, niacina, ácido pantotênico, biotina, inositol e ácido fólico) são componentes essenciais à nutrição dos peixes e atuam diretamente no seu metabolismo. As vitaminas devem ser suplementadas na ração nas quantidades necessárias para o bom desempenho dos peixes.

 

O volume de alimento consumido e as necessidades nutricionais dos peixes depende de, basicamente, de 6 fatores:

  1. Temperatura da água: o incremento das necessidades energéticas, em decorrência do aumento da temperatura, faz com que o apetite dos peixes aumente proporcionalmente. Por exemplo, a Tilapia rendalli consome até 10% de seu peso vivo em alimentos, quando mantida em temperaturas entre 24 a 26ºC, porém deixa de se alimentar quando aquela baixa para 13 a 15ºC.
  2. Espécie
  3. Idade: peixes nas fases iniciais – alevinos e juvenis – têm necessidades alimentares diferentes de peixes na fase final de engorda.
  4. Tamanho: peixes menores apresentam índice metabólico relativamente mais elevado.
  5. Atividade fisiológica: no período de maturação gonadal e reprodução, são maiores as exigências de energia pelos peixes, em virtude da maior atividade metabólica do organismo nessa época.
  6. Fatores ambientais: em águas correntes, como rios, o aumento do fluxo de água exige maior atividade natatória contra a correnteza e, daí, maiores são as exigências energéticas.

 

Diferentes necessidades nutricionais entre as espécies:

Em relação às diferenças de necessidades nutricionais entre as espécies, podemos citar que os peixes onívoros, como tilápia, tambaqui, pacu, matrinxã, piauçu, entre outros, são as principais espécies criadas no Brasil. Geralmente aceitam e conseguem digerir bem os ingredientes de origem vegetal, aproveitando-os tanto como fonte de energia quanto como proteína.

Já os peixes carnívoros, como pintado, surubim e pirarucu, são adaptados a digerir peixes e outros pequenos animais, necessitando de alimentos com alta concentração de proteína (acima de 40%), similar ao que consomem na natureza.

Essas espécies têm dificuldade em digerir a maior parte das rações com alta concentração de ingredientes vegetais. Rações para peixes carnívoros devem, portanto, ter a maior parte da sua proteína oriunda de fontes animais.

Nas duas tabelas abaixo, podemos ver que espécies como a tilápia do nilo e o bagre americano, por exemplo, apresentam necessidade percentual bastante inferior de proteína digestível em relação à truta arco íris, por exemplo. Isso se deve ao fato de a truta ser uma espécie carnívora, enquanto a tilápia e o bagre são espécies onívoras.

Além disso, estudos mostraram que peixes carnívoros exigem maior relação energia/proteína em comparação a espécies herbívoras e/ou onívoras, o que é possível notar pelo fato de que a truta arco-íris demanda maior volume de Kcal/ Kg (3.600) do que, por exemplo, a tilápia do Nilo (2.840).

 

Alimentos que afundam X alimentos de flutuam:

Existem espécies de peixe que alimentam-se preferencialmente na superfície da lâmina d`água, como, por exemplo, as tilápias e tambaquis. Outras espécies, tal como o “catfish”, alimenta-se preferencialmente no fundo da lâmina d`água.

Por esse motivo existem rações que flutuam, com densidade próxima a 350 a 400 gramas por litro, e existem rações que afundam, com densidade na faixa de 650 a 700 gramas por litro.

 

 

Outro fato importante a ser considerando quando da elaboração da ração é o percentual de digestibilidade do alimento, o que indica quanto daquela ração ou de cada ingrediente em particular os peixes conseguem digerir. Alguns ingredientes, como a farinha de peixe e o farelo de soja, têm digestibilidade superior a 95%, enquanto outros não são tão bem aproveitados por eles. Portanto é importante, não apenas o percentual de proteínas ou de carboidratos que o alimento contêm, como também quanto dessa proteína ou desse carboidrato será, de fato, absorvido pelo organismo do peixe.

A digestibilidade está relacionada com a taxa de conversão alimentar.

  

 

Rações para alevinos:

Rações para alevinos precisam conter altos teores de proteína (40% ou mais), similares aos percentuais exigidos por peixes carnívoros.

Além disso, como nas fases iniciais os peixes podem ainda não ter o seu sistema digestório (principalmente estômago e intestino) totalmente desenvolvido, é recomendado dar preferência a rações que tenham fontes de proteína de fácil digestão (alta digestibilidade), normalmente as de origem animal.

 

 

Diferença entre rações extrusadas e peletizadas para peixes:

Segue abaixo resumo das diferenças entre rações peletizadas e extrusadas. Décadas atrás, as rações peletizadas dominavam o mercado, enquanto que, mais recentemente, as rações extrusadas estão, cada vez mais, ganhando participação de mercado devido às vantagens que apresentam, tal como maior estabilidade na água e maior eficiência alimentar.

  

Fontes: 

http://www.nutricaoanimal.ufc.br/anais/anaisb/aa24_2.pdf

 https://vet.ufmg.br/ARQUIVOS/EDITORA/20131002140549.pdf

 https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/263-Piscicultura-Alimenta%C3%A7%C3%A3o_191025_203233.pdf