Mariana André Pompeu¹, Nelson Carneiro Baião²
¹Médica Veterinária, Doutora em Zootecnia pela UFMG
²Professor Associado do Departamento de Zootecnia da UFMG
A vitamina E é reconhecida por ser essencial para a integridade reprodutiva, muscular, circulatória, nervosa e imunológica dos animais. É um importante antioxidante biológico, como também, o primeiro identificado. Nos tecidos implica em algumas funções básicas do mecanismo celular e papel protetor intracelular antioxidante, prevenindo a oxidação, principalmente, das gorduras insaturadas e de outras substâncias sensíveis ao oxigênio, como a vitamina A. Para os galináceos, principalmente aves em crescimento e desenvolvimento do sistema nervoso central, a vitamina E possui grande importância no desempenho produtivo (Washington, 1960; Leshchinsky & Klasing, 2001).
O α-tocoferol é, nutricionalmente, o representante mais importante do grupo de compostos com atividade de vitamina E, por apresentar maior atividade biológica, maior índice de absorção intestinal, maior deposição nos tecidos, menor excreção fecal e oxidação mais lenta quando comparado às demais formas encontradas (Rice & Kennedy, 1998).
Os níveis atuais de suplementação de vitamina E recomendados comercialmente apresentam uma grande variação, gerando questionamentos de qual seria o nível ideal de suplementação desta vitamina na ração.
Buscando avaliar os efeitos de níveis crescentes de suplementação da vitamina E em dietas para frangos de corte, machos, na fase inicial (de um a 21 dias de idade) e de crescimento (de 21 a 39 dias de idade) sobre o desempenho produtivo, foram realizados dois experimentos.
Utilizou-se um total de 1.800 aves da linhagem Cobb®, as quais foram criadas em galpão convencional, dividido em 60 boxes. As aves foram distribuídas em cinco tratamentos com seis repetições de 30 aves cada. Os tratamentos foram definidos pelos níveis de suplementação de vitamina E: 10, 30, 50, 75 e 100 mg de vitamina E para cada kg de ração.
Para a formulação das dietas foram considerados os valores dos ingredientes estabelecidos por Rostagno et al. (2011) e os níveis nutricionais foram calculados de acordo com Lara et al. (2008).
O delineamento experimental empregado foi o inteiramente ao acaso, constituído por cinco tratamentos com seis repetições de 30 aves cada, com exceção da taxa de viabilidade, o qual foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis. O nível ideal de vitamina E foi obtido regredindo-se as variáveis respostas em relação aos níveis utilizados em seus componentes lineares e quadráticos, para a escolha do modelo de regressão que melhor descrevesse as observações (Sampaio, 2002).
O modelo de regressão empregado para a estimativa dos níveis de suplementação de vitamina E foi o linear: Y = a + bX. Onde, Y = variável estudada; a = coeficiente linear; b = coeficiente angular e X = nível de suplementação de vitamina E.
Na fase inicial, houve efeito significativo sobre o peso corporal aos 21 dias (P21) e o ganho de peso de um a 21 dias de idade (GP), que apresentaram efeito linear significativo, de acordo com as equações de regressão:
P21 = 925,085 – 0,266 X (R2 ajustado = 70,14%)
GP = 886,289 – 0,263 X (R2 ajustado = 70,85%)
As demais variáveis estudadas não sofreram influência dos níveis dos níveis de vitamina E avaliados (Tab. 1).
Não houve efeito significativo dos níveis de suplementação de vitamina E sobre o desempenho dos frangos de corte na fase de crescimento (Tab. 2).
Os resultados obtidos estão de acordo com inúmeras pesquisas (Nan et al., 1997; Guo et al., 2001; Leonel et al., 2007; Nobakht, 2012) indicando que, apesar da vitamina E ser reconhecida como uma importante ferramenta na melhoria da imunidade e qualidade de carne de aves, efeitos positivos sobre o desempenho não foram detectados com o aumento dos níveis dessa vitamina nas dietas.